Crítica da série Shadowhunters

Baseada no livro: Os Instrumentos Mortais (série) 
Temporadas: 3
Gênero: Fantasia, Suspense, Romance, Drama
Classificação: 14 anos
Canal de exibição: Freeform (EUA), Netflix (Brasil e resto do mundo)
Criação: Ed Decter
Elenco: Katherine McNamara, Dominic Sherwood, Alberto Rosende, Emeraude Toubia, Matthew Daddario, Harry Shum Jr.,  Isaiah Mustafa, Alisha Wainwright, David Castro.
Duração dos episódios: 42 minutos

Quando anunciam que uma série de livros vai ganhar adaptação para o cinema ou para a tv os fãs sentem uma mistura de felicidade e apreensão. Vários sucessos do cinema e da TV foram baseados em livros, como  Jogos Vorazes e Game of Thrones (no caso da última mesmo considerando seus altos e baixos), por exemplo. Mas também há os completos fracassos, nos quais os roteiristas parecem pouco se importar com as obras originais, dando a nítida impressão no espectador de que os livros não foram lidos por quem escreve a adaptação. Exemplos como os filmes Eragon e Percy Jackson deveriam ter mostrado aos roteiristas que a falta de fidelidade a obra literária adaptada está diretamente relacionada ao fracasso de bilheteria e crítica.
É claro que os roteiristas também precisam dar o toque deles na adaptação e nem sempre o que funciona no livro vai funcionar para o cinema ou para a tv. Só que quando você está adaptando uma série de muitos livros, com um universo fantástico e uma mitologia própria é preciso ter cuidado com as alterações. As mudanças precisam ser feitas com cuidado para que no final da série não fique algo confuso.
A série Shadowhunters é um excelente exemplo de que uma mudança mal calculada no contexto original da obra adaptada pode causar um completo caos. Mas antes de falar da série, é importante mencionar a primeira tentativa de adaptação de Os Instrumentos Mortais que foi o filme Cidade dos Ossos, baseado no primeiro livro da série. 
Eu confesso que eu tinha os dois pés atrás com o filme. A escolha de alguns atores me parecia bem equivocada e o filme foi feito naquele furor que se seguiu aos de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes. Os estúdios de cinema estavam loucos para encontrarem o novo Crepúsculo e isso fez com que vários livros de fantasia jovem ganhassem adaptações para o cinema, a maioria delas um fracasso total.
Pode paracer que esse fracasso se deve ao fato de o público ter  cansado desse tipo de história, mas os livros de Os Instrumentos Mortais continuam vendendo bem até hoje e a autora Cassandra Clare continua escrevendo sobre esse mundo. Então o que terá feito o filme fracassar ao ponto de a continuação, Cidade das Cinzas, ser cancelada? 
Na minha opinião de fã dos livros, os roteiristas do filme escolheram alterar justamente os aspectos responsáveis por tornar Cidade dos Ossos empolgante e enigmático. Além disso alguns atores do elenco (e isso inclui os intérpretes de Jace e Clary) não tinham química alguma. Para ser honesta as únicas interpretações que eu gostei ali foram as de Jonathan Rhys Meyers (Valentim) e Lena Headey (Jocelyn), esta última dorme o filme quase todo e ainda assim rouba a atenção quando aparece.
Eu  sempre achei que Os Instrumentos Mortais seria melhor adaptado numa série de tv. O filme até que não altera muitas coisas, mas, na minha opinião, ele ficou superficial demais e não dá elementos suficientes para quem não leu os livros se conectar com o Mundo das Sombras. 
Quando anunciaram a série eu fiquei muito empolgada. Depois do fracasso do filme (e na época eu não gostei dele), a série era uma chance de consertar tudo que estava errado. Nunca fui tão enganada em toda a minha vida!
Gostei bastante da escolha do elenco principal da série, todos pareciam gostar dos livros, estarem muito comprometidos com o trabalho e conectados uns com outros. A primeira temporada teve algumas alterações no enredo da história original, mas não foi nada que desconectasse completamente dos livros. A princípio, o fato de o Instituto ter tecnologia, num mundo onde existe magia, me incomodou um pouco. Mas, como isso foi inserido naturalmente e foi aproveitado dentro da mitologia da série, aos poucos eu fui me acostumando. 
Mas ai começaram os problemas...
Valentin, que teve o nome alterado para Valentine, foi um vilão muito mal aproveitado. Nos livros ele é um vilão sanguinário e implacável que utiliza todos os meios necessários para alcançar seus objetivos. Na série ele foi transformado num careca maluco que tortura submundanos, faz experimentos nos próprios filhos e adora fazer discursos mas é preso de maneira bem estúpida. A série focou muito no romance e numa tentativa de terror mal feito e esqueceu de dar espaço para um vilão brilhante se desenvolver. 
A segunda temporada foi a responsável pelas alterações mais bruscas na série como a morte de uma personagem que nos livros não morre. A justificativa dos roteiristas para a morte da mãe da Clary foi dar a esta última maior indepência. Em outras palavras, eles apelaram para a clássica formúla do personagem que perde ambos ou um dos pais e cresce na trama. Só que a Clary continuou exatamente igual pois as motivações da personagem já estavam claras e não era necessário a mãe morrer para que ela crescesse. 
Começou a ficar tudo tão errado na segunda temporada que se eu fosse reclamar de tudo aqui esse post ficaria enorme! Eu não sei como consegui chegar até o final da série, porque eu assisti a todos os episódios da segunda e da terceira temporada xingando muito. 
Voltando a falar dos vilões, a falta de espaço do Valentine (talvez o vilão mais importante da série) fez com que os outros dois vilões, Lilith e Jonathan, também fossem fracos e contráditórios. A Lilith foi a vilã que mais se parece com a personagem dos livros, mas, de modo geral, a história dela era bem simples de ser contada. O Jonathan é que berou o rídiculo! O personagem não parecia se decidir se queria acabar com o mundo ou se queria o carinho da irmã. Nos livros ele também quer o afeto da Clary, mas é algo mais como uma obsessão por ela e pelo Jace. O Jonathan dos livros não entende o que é afeto e não implora por isso. Na série ele foi transformado num chorão que quer destruir o mundo porque ninguém o ama e ele está pistola com isso. 
Um vilão mal construído, escolhas equivocadas e o cancelamento da série fizeram com que a terceira temporada fosse ainda pior que as duas primeiras. Especialmente na segunda parte (3B) ficou tudo muito corrido e foram deixadas várias pontas soltas. A terceira temporad não tem sentido nenhum com os livros e com as duas primeiras temporadas da série. Várias mudanças que foram feitas nas temporadas anteriores se tornaram um problema no final da história e a série virou uma confusão total: constrói espada e destrói a mesma espada; o Magnus perde os poderes, recupera os poderes, perde os poderes, recupera os poderes, pede o Alec em casamento e em seguida  vai para Edon correndo o risco de nunca mais voltar; Idris sofre um ataque de demônios e, ao invés de lutar, os Shadowhunters ficam correndo e gritando; o Fogo Celestial é transformado em um kit de química; o último livro foi adaptado em dez minutos; Sizzy só existiu nos dois últimos episódios e aquele final... 
O final da Clary foi a pior mudança que eles poderiam ter feito, ainda mais porque a última cena ficou muito aberta à interpretações. Quem leu os livros sabe que acontece uma coisa parecida com um dos personagens, mas no livro a solução fica bem clara. Como fã, me senti desrespeitada de ver algo tão importante sendo deixado aberto para interpretações. 
Por último eu gostaria de falar dos efeitos especiais. Uma série de fantasia precisa de um bom orçamento para ser bem feita. E me parece que ao decidir adaptar os Instrumentos Mortais, ninguém pensou nisso. A série tem vários efeitos de magia que ficaram bem toscos e Idris, o país dos Shadowhunters que nos livros é descrito como um lugar lindo (e era o que eu mais queria ver na série), apareceu pouquíssimas vezes e, quando apareceu, era perceptível que aquilo era feito por computador. 
Shadowhunters, de tão decepcionante, fez com que eu comessaçe a considerar o filme Cidade dos Ossos bom (e eu não gostava dele). Eu até posso assistir a série novamente, mas ela entrou na minha categoria de guilty pleasure.
Infelizmente não foi dessa vez que Os Instrumentos Mortais ganhou uma adaptação que corresponda aos livros e deixe os fãs satisfeitos!

Para quem não leu os livros e quer conhecer, eu fiz resenha dos três primeiros volumes lá no canal. Clique aqui para assistir.

Se você assistiu Shadowhunters, me conta nos comentários o que achou.


Comentários

  1. Assisti 3 espisodios da série e não dei mais conta. As mudanças que rolaram me incomodaram muito pq eram coisas que eu senti que iam virar uma bola de neve mais pra frente kkkkkk
    Só queria uma boa adaptação dos livros,mas ainda não rolou. Quem sabe no futuro
    (Gente botei "carmem horan" no blogspot em 2013 e nunca mais mudei kkkkkkk meu passado directioner me condena)

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  2. finalmente encontro alguém que concorda que adaptação foi péssima e muito corrida principalmente a ultima temporada , Deus socorro

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