Crítica da Primeira Temporada de O Escolhido

Baseada na série: Niño Santo (México)
Temporadas: 1 (a 2ª temporada estréia em novembro)
Gênero: Suspense
Classificação: 16 anos
Canal de exibição: Netflix
Roteiro: Carolina Munhóz e Raphael Draccon
Direção: Michel Tikhomiroff
Elenco: Paloma Bernardi, Renan Tenca, Pedro Caetano, Gutto Szuster, Mariano Mattos Martins, Alli Willow, Tuna Dwek, Kiko Vianello...
Duração dos episódios: entre 40 e 53 min.

Depois de muitas tentativas de contato com a cidade Aguazul os médicos Lúcia, Damião e Enzo viajam até lá para vacinar a população contra o vírus zika. Contudo, ao chegar eles se deparam com a estrada de acesso à cidade interditada e um aviso escrito "Não entre".
Eles conseguem chegar à Aguazul, mas, as coisas parecem meio estranhas por lá: os moradores fogem e se escondem ao ver a chegada dos médicos e o posto médico da cidade está completamente abandonado. Aguazul é uma cidade muito isolada e seus moradores são hostis com os forasteiros. A única pessoa que é simpática com os médicos é Mateus, que parece ser uma espécie de lider na cidade. Pressionada pelos seus superiores, Lúcia precisa vacinar a população de Aguazul custe o que custar.
Mas não vai ser tão fácil assim.
A população de Aguazul se recusa a ser vacinada por não confiarem na medicina. Com a insistência dos médicos, Mateus não vê outra saída a não ser tentar convencer Lúcia de uma maneira um tanto quanto perturbadora.
Lúcia, Damião e Enzo vão parar no meio de fanáticos religiosos que acreditam numa misteriosa figura conhecida como O Escolhido. Esse homem diz ter o poder de curar os outros e, por isso, é idolatrado pela população de Aguazul, chegando ao ponto de mandar e desmandar na vida de alguns. E é por meio da interação do Escolhido com os três médicos que a série vai abordar os limites da ciência e da religião. 
Os três médicos tem uma relação diferente com a religião: Lúcia foi criada numa família religiosa mas se afastou da religião depois de um acontecimento triste em sua vida, Damião se diz agnóstico (não acredita mas também não nega a existência de forças divinas) e Enzo é ateu e acredita unicamente na ciência. Cada um deles vai reagir de uma forma às coisas inexplicáveis que vão presenciar na cidade.
O homem conhecido como O Escolhido se diz misericordioso e bondoso, mas, a forma como ele se porta e influencia a população de Aguazul chega a dar medo. Como acompanhamos a história mais pela perspectiva dos médicos e vamos entendendo junto com eles o que acontece na cidade, a gente é levado a ver tudo aquilo como fanatismo exarcebado. Em certos momentos somos levados a acreditar que O Escolhido é só mais um charlatão louco com um grande poder de persuasão. Mas em outros ficamos em dúvida pois não parece existir outra explicação para tudo aquilo que não a fé. Esse "embate" entre ciência e fé foi muito bem utilizado para explorar o suspense da trama. 
E ai quando você finalmente chega à uma conclusão sobre todo o mistério envolvendo O Escolhido e Aguazul, a temporada acaba e nos deixa, novamente, em dúvida. A minha conclusão era que realmente há algo de "mágico" na cidade e que O Escolhido descobriu isso e, para alimentar seu ego, foi criada toda uma mitologia sobre ele que justificasse um culto à sua imagem. Ai ele utilizou toda essa idolatria para controlar a vida das pessoas. Até o quarto episódio eu tinha certeza que ele era louco, mas, os dois últimos me deixaram muito na dúvida.
Eu sou o tipo de pessoa que vive com as séries atrasadas, até as minhas favoritas da vida. Tenho muita dificuldade em assistir série longas (com mais de 10 episódios) porque vou assistindo um episódio por vez e, as vezes, demoro tanto entre um episódio e outro que acabo esquecendo da série e só lembro meses depois. Aí retomo de onde parei e sigo assistindo a passos de tartaruga porque isso acontece várias vezes durante uma temporada de 22 episódios. A primeira temporada de O Escolhido tem apenas seis episódios e, como eles sempre terminam de um jeito bastante intrigante, quando eu assustei já estava no quarto episódio. 
Por mais que já conhesse o trabalho dos roteiristas Carolina Munhóz e Raphael Draccon, sendo o segundo meu escritor nacional favorito, foi uma grata surpresa ver a competência dos dois ao tratar de um tema tão complexo. O elenco também está ótimo, mas destaco a atuação de Renan Tenca (intérprete do personagem título) que soube fazer tão bem um personagem que nos parece louco, nos dá medo e nos seduz, às vezes tudo numa mesma cena.
A segunda temporada já foi confirmada e estréia em novembro e eu estou ansiosa para ver os rumos que a série vai tomar.
Será O Escolhido um louco ou um santo?
Quem já assistiu, me conta nos comentários o que achou.




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