The Witcher: Primeira Temporada

Baseada no livro: A saga do bruxo Geralt de Rívia, de Andrzej Sapkowski

Temporadas: 1

Gênero: Fantasia

Classificação: 16 anos

Canal de exibição: Netflix

Criação: Lauren Schmidt Hissrich

Elenco: Henry Cavill, Freya Allan, Anya Chalotra, Joey Batey, Jodhi May, MyAnna Buring, Björn Hlynur Haraldsson, entre outros.

Duração dos Episódios: entre 47 e 67 minutos

The Witcher é uma série de livros do escritor polonês Andrzej Sapkowski. A série fez tanto sucesso que recebeu inúmeras adaptações, a mais famosa delas, os jogos de vídeo game. Mas a série da Netlfix é uma adaptação dos livros!

E, digo sem nenhuma dúvida, que está na minha lista de melhores adaptações literárias.

A primeira temporada adapta os dois primeiros livros (respectivamente O Último Desejo e A Espada do Destino) e aborda alguns acontecimentos do terceiro livro (O Sangue dos Elfos). O Último Desejo e A Espada do Destino são livros de contos e, a partir de O Sangue dos Elfos os livros já tem o formato de romance. A primeira temporada da série conseguiu adaptar a maioria dos contos dos dois primeiros livros (alguns ficaram de fora) e conectar cada uma dessas histórias por meio da personagem Ciri, que está numa linha temporal diferente.

Sei que muita gente está reclamando das diferentes linhas temporáis da série, mas eu não vi problema nenhum nisso. Como estamos falando de uma série de tv, era necessário criar uma conecção entre o público e os personagens e seria complicado inserir a Ciri depois se os episódios da série fossem ordenados como os contos dos livros (assistam as resenhas que fiz lá no canal para vocês entenderem um pouco mais). Li os dois primeiros livros antes da série estrear e gostei  do recurso que a série utilizou: sem mais de uma linha temporal seria complicado criar um vínculo entre o público e os protagonistas, além do fato de que em alguns momentos a série ficaria monótona. A linha temporal nos livros também é díficil de entender e, sendo muito honesta, só entendi completmente a linha temporal dos dois primeiros livros depois de assistir a série. 

Se você ficou confuso com essa questão e não leu os livros, te recomendo a leitura e a Netflix liberou em seu perfil no Instagram a linha temporal da série explicada, então depois de assitir deem uma olhada lá que tudo vai fazer mais sentido. Mas a criadora da série já garantiu que a próxima temporada terá uma única linha temporal.

Vamos falar dos personagens. Preciso confessar que quando anunciaram o Henry Cavill como Geralt eu duvidei do sucesso da série. O motivo é simples: eu destestei  O Homem de Aço, detestei ainda mais Liga da Justiça e, como resultado, achei que o ator pudesse ser um fator para a completa falta de graça do Superman (agora já acho que a culpa pode ser do diretor e do roteirista). Mas eu fico muito feliz em dizer que eu me enganei completamente. O Henry Cavill é um ator muito dedicado e é fã de The Witcher, então ele conhece bem o personagem. O Geralt é um mutante, então ele não sente as mesmas coisas que um humano e o ator soube transparecer isso de maneira impecável. O humor e as expressões de Geralt também ficaram muito condizentes com a personalidade do personagem. Acho que podemos dizer que Henry Cavill nasceu para interpretar Geralt de Rívia.

A atriz Freya Allan, intérprete da princesa Ciri teve um desafio e tanto pela frente: não perder a essência de uma personagem que teve sua idade alterada na série. Nos livros Ciri tem por volta de 10 anos, já na série ela é uma adolescente. Nos dois primeiros livros a Ciri aparece em poucos contos então ainda não consegui criar nenhum vínculo com a personagem dos livros. Mas gostei muito da atuação da Freya Allan. 

Sobre a alteração da idade da Ciri, vale lembrar que isso é  muito comum em adaptações de livros de fantasias adultas. Acredito que devem existir leis a respeito disso nos Estados Unidos, pois muitas das séries têm cenas de sexo, nudez e violência. Em Game of Thrones, por exemplo, a idade de praticamente todos os protagonistas foi alterada: nos livros Daenerys Targaryen tem 13 anos quando se casa com Khal Drogo.

Já Anya Chalotra, a intéprete de Yennefer não teve a mesma sorte. No livros Yennefer é uma mulher forte e intimidadora. Na série conhecemos um pouco do passado da personagem, o que não é mencionado no livro. Eu gostei de saber mais sobre o passado da feiticeira. O problema é que conhecemos Yennefer quando ela era frágil e vulnerável e quando a personagem aparece forte e intimidadora, a atriz não consegue convencer. Mas eu acho que temos que dar uma chance, ela ainda pode surpreender.

Sobre o relacionamente de Geralt e Yennefer recomendo para quem só assistiu a série desistir de entender. O romance dos dois é estranho daquele jeito mesmo (nos livros é ainda pior), basicamente a gente tem que aceitar que o casal é problemático e vive numa eterna situação de gato e rato. No livro é mencionado que os dois foram feitos um para o outro mas nunca ficarão juntos, então eu acho que o relacionamento dos dois vai ser essa coisa esquisita até o final da série (e dos livros). Só nos resta aceitar.

Não posso deixar de mencionar dois personagens que ficaram ótimos na série e roubaram a cena nos episódios em que aparecem: Jaskier e Rainha Calanthe. Os dois atores (Joey Batey e Jodhi May respectivamente) estão impecáveis. Ambos foram muito fiéis  personalidade de seus personagens nos livros: Jaskier um conquistador barato, um tanto atrapalhado e meio chato e Rainha Calanthe uma mulher forte e destemida. Me contem nos comentários quem aí não aguenta mais cantar "Dê um trocado pro seu bruxo, ó vale abundante".

A caracterização e os efeitos especiais estão excelentes, e numa série de fantasia isso precisa ser bem feito. Mas, sem dúvida nenhuma, o que o maior mérito da série The Witcher foi o respeito à obra original. Os roteiristas foram extremamente fiéis os livros e souberam inserir aspectos novos no momento certo e de uma forma que não descaracterizassem a obra original e os personagens. E é exatamente pela fidelidade à obra original (como é bom quando os roteiristas leem o livro que querem adaptar!) que The Witcher é um sucesso.

Se você ainda não assistiu eu recomendo demais que você assista! É um mundo incrível se você gosta de fantasia, monstros e magia.